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sábado, 1 de outubro de 2011

Relações Brasil e Portugal


Numa hora livre que tive, peguei uma Istoé que andava aqui por casa, e fui folheando até que, na última página, me chamou atenção o título da coluna: "Portugal". Parece perseguição, agora em tudo vejo Portugal rsrs... A coluna foi escrita por uma atriz brasileira, filha de portugueses, cuja família veio pra cá ganhar a vida, mas manteve sempre muitos laços com a terrinha. Ela fala de pequenas coisas de lá de que eu também tenho muitas saudades agora, e de alguns preconceitos que o brasileiro, por ignorância, ainda cultiva em relação a Portugal. Deixo pra vocês o texto integral: é só clicar na foto abaixo, que ela se amplia. Vale a pena lê-lo, até porque ela o inicia com uma citação de Fernando Pessoa :) e também porque, assim como ela, eu nunca ouvi nenhum português dizer "Ora pois pois!" ; )
A coluna é da edição de 7 de setembro de 2011 (nº 2182).
Obrigada pelas sugestões, vou colocá-las em prática em breve! Até mais!


quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Saudade portuguesa


Faz um mês que cheguei de Porto, mas meu coração continua lá. Tudo à minha volta, aqui em São Luís, ainda não é "tudo à minha volta", mas sim coisas que me lembram ou me fazem estabelecer comparações entre a minha cidade natal e a cidade do Porto, ou outras cidades de Portugal que tão bem me acolheram. Mas é claro que a maioria destas impressões eu guardo para mim, para não ser enfadonha às outras pessoas. O que aqui importa registrar é quão marcante pode ser uma experiência como esta que eu tive, e o quanto o nosso modo de ver as coisas fica alterado para sempre. Meu esforço atual é não deixar esvanecer esse olhar crítico sobre tudo, e, principalmente, as competências acadêmicas, profissionais e de relacionamento interpessoal que fui desenvolvendo ao longo desse período tão intenso. Agora eu sinto, mais profundamente do que nunca, a Saudade portuguesa.

O primeiro estranhamento que sentimos ao voltar é o da língua, obviamente. No meu caso, como vim pelo Rio de Janeiro primeiro para só depois chegar a São Luís, deparei-me ainda com outro sotaque antes de chegar ao dos meus conterrâneos. Foi uma sensação muito boa, até porque - desculpem-me os maranhenses - os cariocas são muito mais simpáticos que as pessoas da minha terra. Quando ouvi o modo brincalhão dos funcionários do aeroporto ao se dirigirem a mim, logo me senti em casa: "- Já posso entrar na sala de embarque? - Pode sim, minha dama, com certeza!" rsrs... Chegando em São Luís, apesar das precárias condições do aeroporto, fiquei feliz de ouvir o "Tu rai bem ali, tá vendo? E-hein, bem ali mermo." :D E mais feliz ainda de ver minha mãe me esperando, claro, após seis meses sem vê-la... Eu já morava só, mas nunca tinha passado tanto tempo sem que estivéssemos juntas. Acho que o máximo tinha sido três meses...

O segundo estranhamento que senti foi em relação ao ritmo da faculdade. Fico triste em relatar isso, pois, apesar de tudo, tenho amor pela minha Universidade. Mas foi um verdadeiro balde de água fria na empolgação de leitura e de estudo que eu trouxe do Porto o ritmo um tanto mais lento que as aulas seguem por aqui. Sei que diversos fatores interferem nisso e que não é culpa somente dos professores, dos alunos, da coordenação ou de seja lá quem for. Mas o fato é que a exigência que eu tinha na U. Porto era uma, e a que eu tenho aqui baixou consideravelmente. Espero ter disciplina para conseguir manter o ritmo que tinha lá.

Acho que não vale a pena falar de outras situações mais específicas. O que valeria dizer é que voltei à minha rotina, embora tenha ficado um período atrás em relação à minha turma (lá no Porto fiz 4 cadeiras, sendo que uma delas já tinha cursado aqui; logo, só pude aproveitar 3 cadeiras de um período composto por 8. Assim, estou cursando agora 5 cadeiras do 7º período, e ainda me faltam dois para eu me formar). Foi muito bom rever meus professores e colegas mais queridos, e voltar ao ambiente que, com todos os seus problemas, foi o que me formou e ainda está me formando. Fiquei muito feliz também de saber que várias pessoas do meu curso estão indo para a Universidade de Coimbra, fazer 2 anos de graduação-sanduíche. Eles estão indo com bolsa. Fico feliz por ter, de certa forma, aberto caminho para essa experiência que, com certeza, vale a pena, especialmente para os maranhenses, que tantas raízes ainda têm de Portugal.

Já não sei que destino dar ao blog, agora que o período de estudos foi encerrado. Deixo, então, um espaço aberto para que vocês leitores (sempre tão silenciosos! rsrs) deem suas sugestões de temas para as próximas postagens, ou deixem perguntas que gostariam de fazer sobre outros detalhes não mencionados aqui. Vocês é que mandam agora! Obrigada a todos que leram e comentaram, mesmo que nem sempre por este meio. Até mais!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fim de semestre


O mês de julho está chegando ao fim e com ele o meu período de estudos aqui em Portugal. Sou uma das poucas pessoas que ainda está aqui; a maioria já voltou pra casa, porque até o período de Recurso já terminou. Eu quis ficar até o começo de agosto pra poder aproveitar uns dias de férias, já que vim com o propósito de estudar muito durante o período letivo. Dos países da Europa além de Portugal, só pude conhecer a Espanha (quer dizer, só a capital, Madri), mas eu adorei!

Mas, como nerd que sou (risos), vou falar primeiro de como foram os estudos (e os exames!). Deve haver algum filho de Deus nesse mundo que faça mobilidade pra estudar! risos... Brincadeira, muitos amigos meus também estudaram muito, até porque o ensino aqui é muito mais puxado:

1 - Temos que fazer pelo menos um exame de cada cadeira em que estamos inscritos. Isso quer dizer que toda cadeira tem um exame, no mês de junho (reservado só aos exames - não há aulas) em que cai toda a matéria do semestre (ou assuntos específicos à escolha do professor).

2 - Além do exame, que vale geralmente 60 ou 70% da nota (só temos uma nota, e não três, como na minha faculdade), podemos ter (não necessariamente) um ou dois trabalhos ou provas para complementar a nota em 40 ou 30%.

3 - Os exames são agendados pela Faculdade, não pelos professores;

4 - As notas são divulgadas em listas enviadas por e-mail (com as notas de todos os alunos da turma juntas :$);

5 - O histórico final passa por cálculos que comparam a nossa nota com a maior e a menor da turma, e produzem um conceito (A, B, C, D ou F) e uma tabela com correspondências entre as notas daqui e "Excelente", "Muito Bom", "Satisfatório" etc., porque as notas aqui vão de 0 a 20, com média 10; enquanto no Brasil o sistema de notas varia muito de uma universidade para a outra. Na UFMA, vai de 0 a 10.

No meu caso, foi assim:

* Literatura Portuguesa Contemporânea - Exame Final (70%) + Relatório de Leitura (30%);
* Literatura Inglesa - Shakespeare e o Renascimento Inglês - Exame Final (60%) + "Envolvimento nas sessões" (40%);
* Estética e Linguagem - Exame Final (70%) + 2 Análises (uma de Imagem, outra de Texto Literário) (30%);
* Teoria da Literatura II - Exame Final (100%).

Tirei 17, 15, 16 e 16, respectivamente. Ainda não peguei o documento com as correspondências aos conceitos. À medida que ia recebendo as notas, não sabia se ficava triste ou feliz, porque achava que ainda estava muito longe do 20; mas depois fui vendo que o 20 é uma utopia hehehe (ninguém tira), o 19 é quando vamos mesmo muuuito bem (um colega meu tirou), e entre 16 e 18 são notas boas (no meu conceito de boas :D). Também depende muito do conceito do professor do que seja uma nota boa hueheuhe

Mas como notas são apenas notas, fiquei mesmo foi com o aprendizado. E posso dizer que foi muito grande! Desde uma mudança na minha atitude científica, em que eu passei a buscar ter mais rigor e paciência nas minhas pesquisas, até os conceitos, termos e referências que fui "colocando na bagagem" - literalmente, porque minha mala vai com um monte de livros. As cadeiras de que mais gostei foram Teoria da Literatura II (que eu já tinha feito na UFMA, mas queria aprofundar os conhecimentos, e acho que consegui) e Literatura Portuguesa Contemporânea, em que me apaixonei pelo Surrealismo e pelo poeta surrealista português, Mário Cesariny, e por muitos outros poetas portugueses que eu não conhecia. As professoras destas cadeiras também me marcaram muito, de maneiras diferentes. Ensinaram-me muito sobre como estudar, como dar aula, e também como ser aluna universitária.

Vale a pena estudar aqui! Pelo menos, na área que eu pude ver de perto! Por falar em área, aqui eu estudei na Faculdade de Letras (que corresponde ao Centro de Ciências Humanas da UFMA), em que funcionam os cursos (de graduação - chamados "licenciaturas", mesmo que não sejam destinados ao magistério) de: Arqueologia; Ciências da Informação; Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia; Ciências da Linguagem (do qual fiz Estética e Linguagem, mais direcionado pra Linguística); Estudos Portugueses e Lusófonos; Línguas, Literaturas e Culturas (do qual fiz as outras 3 cadeiras); Línguas Aplicadas; Línguas e Relações Internacionais; Filosofia; Geografia; História; História da Arte e Sociologia. Mais informações sobre os cursos podem ser obtidas aqui.

Modelos de exame:
Teoria da Literatura II (o que eu fiz)
Lit. Portuguesa Contemporânea (exemplo fornecido pela profa.)

Se quiserem saber mais, mandem-me um e-mail! O endereço está no "Quem sou eu". Fiquem com algumas fotos:



(Minha página no SIGARRA - sistema da FLUP)


(FLUP)


(eu, na FLUP)

Dedico à FLUP uma canção da Tuna Feminina
(cuja melodia é de "Felicidade", do Caetano Veloso):

Ai, Faculdade, vou-me embora
Vai ficar esta saudade
Que já chora pela vida de estudante
Não demora o adeus que nos separa
Nesta hora
Quando chegava ainda o tempo era tão longo
Hoje olho e soube a pouco*
Tudo passou a correr
São tantos dias, tantas noites, tanta farra
Que ao som de uma guitarra
Nós juramos não esquecer
Ai, Faculdade, vou-me embora
Vai ficar esta saudade
Que já chora pela vida de estudante
Não demora o adeus que nos separa
Nesta hora
Foi sob as capas que encontramos o segredo
E que perdemos o medo
Aprendemos a crescer
E é sob as capas que te canto, Academia
Foste tudo o que eu queria,
Hoje sei o que é viver

*não, aqui não seria "soube há pouco", porque o verbo saber, aqui em PT, também significa parecer, ter gosto ou cheiro (ex.: Este bolo sabe a laranja).

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Queima das Fitas

Resolvi fazer um esforcinho e postar aqui, mesmo em plena época de Exames, afinal devo ter frustrado várias expectativas de leitores ^^" Desculpem, mas é que minha vida foi se tornando cada vez mais agitada aqui no Porto - ainda bem! -, com mais e mais atividades, o que me tomou o tempo para elaborar uma postagem decente.
Vivi tantas experiências que mal sei por onde começar. Já que não posto desde abril, podia falar sobre Maio. Além de ter sido o mês do meu aniversário de 21 anos, que foi muito marcante, foi também o mês (como sempre é) da Queima das Fitas, a formatura dos estudantes de todas as faculdades do Porto. As comemorações duram uma semana, dia e noite, com eventos acadêmicos e culturais. Não é como no Brasil, em que cada turma aluga um espaço fechado e faz uma festa privada. Também não tem a cerimônia da colação de grau, nem se usa beca. Os símbolos e as ocasiões são outros - aliás, tento ter sempre um cuidado imenso quando falo das tradições acadêmicas daqui, porque são mesmo muito fortes e envolvem muitas coisas que às vezes me escapam. Como eu sou "erasmus", não passei pela Praxe (semelhante ao nosso Trote) - a não ser na Tuna -, então não cheguei a apreender todo esse universo de regras.
Fugindo um pouco ao tema, mas só pra dar uma noção, existe um WikiPraxe (!) só pra explicar algumas coisas - porque certas coisas são restritas às praxes.
Então, com as devidas reservas feitas, vou tentar explicar o que é a Queima das Fitas, fazendo algumas correspondências, embora não se compare o sentido que se dá à Academia e ao "ser estudante" aqui e no Brasil. São modos de ver diferentes, e eu tenho uma quedinha pelo modo daqui, confesso ;)

Comecemos então pelo que, na minha faculdade, aconteceria primeiro - acho eu: a Colação de Grau, que é a única cerimônia oferecida pela faculdade (embora nós é que tenhamos que alugar a beca). Digamos que, aqui, corresponde à Imposição de insígnias, em que "Estando reunidos todos os participantes no mesmo local e onde, obrigatoriamente, se encontra uma recipiente com chama, será dado início à Cerimónia, pelo Dux ou seu representante, proferindo as palavras 'IN NOMIE SOLENISIMA PRAXIS IMPOSICIONE INSIGNIAE ABERTUM EST' dando 3 pancadas, após as quais passa a palavra ao Mestre de Cerimónias designado para o Evento." Na chamada dos finalistas, cada um deles recebe três insígnias: as meninas, uma roseta; os meninos, um laço (gravata-borboleta); uma cartola e uma bengala, nessa ordem, sendo que o Padrinho/Madrinha (prof.) tem que dar três bengaladas na cartola do finalista pra dar boa sorte (assim como, posteriormente, todos os parentes e amigos do finalista ^^' haja cartola! eles colocam uma espuminha dentro, pra não doer ^^'). "Terminada a Cerimónia o Mestre de Cerimonias passa a Palavra ao Dux, ou seu representante, que encerra a cerimonia proferindo as palavras 'IN NOMIE SOLENISIMA PRAXIS IMPOSICIONE INSIGNIAE ENCERRATA EST' dando 3 pancadas."
No Brasil, haveria, além da Colação de Grau, uma Missa, Culto e/ou Culto Ecumênico, também fechado, e uma festa em um buffet. Aqui, a Missa é o primeiro evento da Semana da Queima, no domingo de manhã. É antecedida apenas pela "Monumental Serenata", que acontece à meia-noite e UM do domingo - "e UM" porque, na praxe, não pode haver números pares. Chama-se Missa da Benção das Pastas e ocorre a céu aberto; aqui no Porto foi nos Aliados. Eu participei, pois a prima do meu namorado estava se formando em Educação Social :) e posso dizer que é muito emocionante! Vê-se uma multidão de pastas com fitas coloridas balançando ao alto, que é quando são benzidas com água benta (ao final do post, vou deixar um link pras fotos). Mas o que acho legal é a ênfase no papel que o estudante tem na sociedade, explicitado publicamente e valorizado (pelo menos culturalmente, não significa que há emprego pra todos ^^"). A oração dos finalistas, ao final da missa, é muito bonita. Transcrevo parte dela:

Senhor nosso Deus:
no momento em que deixamos a Universidade,
vimos agradecer-Vos o caminho que até agora percorremos.
Vós nos chamastes a entrar no Vosso projecto
e a colaborar na salvação dos homens e do mundo.
E nós queremos responder afirmativamente ao Vosso apelo:
ouvindo a vossa voz, estamos disponíveis para a missão que nos pedis.
Junto de Vós recordamos tudo quanto recebemos e pudemos dar,
e todos aqueles que nestes anos nos acompanharam.
Para eles Vos pedimos, Senhor, a Vossa Luz.
No limiar de uma nova etapa, a Vós entregamos o futuro,
a Vós consagramos a nossa energia, a nossa inteligência e a nossa profissão.
Senhor Jesus, que ensinastes aos Apóstolos o sentido do amor e do serviço,
dai-nos forças para que também nós com esse sentido, saibamos construir a nossa vida profissional. (...)
Acho que aqui não há a necessidade de um culto ecumênico, porque não há tanta variedade de religiões como no Brasil, nem manifestações tão explícitas de religiosidade por parte dos jovens que chegassem a exigir outra cerimônia. Aliás, grande parte dos estudantes não é muito religiosa; por vezes ateia, agnóstica ou indiferente. O valor simbólico da cerimônia é que fica.
Quanto ao Baile de Formatura; aqui há o Baile de Gala e o Chá Dançante, mas sobre esses não sei falar porque não fui. Há também, todas as noites, uma festa no "Queimódromo" - aqui no Porto é o Parque da Cidade - em que há barracas das associações de estudantes, vendendo bebidas e tocando música, e shows diversos. Fui a duas noites, mas não consegui entrar no espírito; é muito barulho e bagunça pra minha natureza calminha ^^' apesar disso, gostei de ver as bengaladas e a amizade entre os estudantes, vivendo aquela experiência.
Fui ainda ao Cortejo Acadêmico, que pra mim é mais uma coisa que afirma o valor dos universitários na sociedade. É um desfile de carros alegóricos de cada faculdade, que vai desde as 14h01 (!) atée de madrugada (porque são muitas faculdades, e não são só os finalistas que vão, mas todos os estudantes que participam da praxe). Cada faculdade tem uma cor, presente nas insígnias, nas fitas e na decoração dos carros. Estes últimos também servem, muitas vezes, como protesto; neste ano falaram muito sobre os efeitos da crise econômica que assola Portugal, sobre os empregos precários, falta de estágio e sobre as altas propinas que os estudantes pagam - taxas que chegam à volta dos mil euros por ano! (isso na graduação, porque no mestrado/doutorado é mais caro).
A Queima acontece nos principais pólos universitários de Portugal; ouvi falar mais da do Porto, da de Coimbra e da de Lisboa, mas há mais. "A história da Queima das Fitas no Porto não é muito mais recente que a de Coimbra, que se iniciou em 1919, pois já em 1920, os finalistas de Medicina da Universidade do Porto faziam a chamada 'Festa da Pasta', que é considerada a origem da Queima das Fitas do Porto.
A 'Festa da Pasta' era um evento, com um grande espírito académico, que comemorava a passagem da pasta dos estudantes que estavam a terminar o seu curso, os quintanistas, aos que entravam na recta final, os quartanistas. Juntamente com a passagem da pasta era imposto o grelo aos quartanistas. Ao longo dos anos a 'Festa da Pasta' foi-se difundindo pelas diversas faculdades da Universidade do Porto, sendo que cada faculdade tinha a sua própria festa. As diversas 'Festa da Pasta' realizaram-se ininterruptamente até 1943, ano a partir do qual passou a haver uma só para todas as faculdades." (site da FAP)
Haveria muito mais detalhes que eu poderia contar, mas isso tornaria a leitura muito cansativa. Em suma, o que posso dizer é que a Academia é vivida de uma forma muito especial aqui, não tão pragmática como é na América em geral; há mais tradição, sentimento e, principalmente, orgulho. Isso é uma coisa que vou sempre levar comigo, embalada por uma canção da Tuna Feminina de Letras da Universidade do Porto (que tão bem me acolheu e da qual ainda vou falar mais):
Ser estudante é ser poeta
É ter nas mãos a saudade
Do que está pra vir
E a lembrança do que passou
Ser estudante é trajar de negro
É enaltecer a Alma
Numa capa velha
Que abraça e aquece a vida
Com ternura

Ser estudante é ser criança
É não sentir a tristeza
Saber que se vive
Que muito se ama
E desgosta
Ser estudante é ter a noite no peito
É ter vaidade e mágoa
Que me faz ser o que sou
Para sempre
Estudante!


Abaixo, algumas fotos:



(Helena, responsável por eu vivenciar mais de perto tudo isso ^^)


(Imposição das Insígnias)

(Logo depois da Imposição)

(Missa)




(Cortejo)





Se quiserem, podem ver mais fotos da Queima aqui:
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.127302264014793.30592.100002050613088&l=069a6a154c
Até a próxima :*

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Variação linguística


Um dos aspectos mais interessantes deste período em que estou estudando em Portugal tem sido observar a variação linguística que eu tanto via nos livros e em uma disciplina toda dedicada ao Português no mundo, além de outra em que, ao falarmos do Português moderno, fizemos uma comparação entre essas duas variedades do português.

Uma questão que levantamos por alto foi a de saber se o português falado no Brasil poderia ser chamado de "brasileiro", constituindo outra língua... Na ocasião, concluiu-se que não, pois a estrutura é a mesma, institucionalizada historicamente, e a inteligibilidade é mútua, embora com pequenas dificuldades, às vezes.

Ainda na cadeira, se não me engano, falamos sobre o Acordo Ortográfico. Eu já não concordava com o Acordo, e agora tenho cada vez mais desconfianças quanto à sua efetividade. É uma mudança muito forçosa, uma ortografia que fica estranha tanto pra brasileiros quanto pra portugueses - nem sei como os africanos se sentem em relação a isso... E mesmo com a unificação, ainda ficam algumas diferenças, pois além daquelas de natureza sintática ou lexical, ainda há palavras em que o "c" e o "p" é pronunciado, e estas não mudarão com o acordo (ex.: facto). Isso causa muita confusão, porque há muitas palavras em que essas letras não são pronunciadas, e as pessoas em geral não sabem se deixam ou se tiram da escrita (ex.: aqui se diz "rutura" em vez de ruptura, "receção" em vez de recepção etc.).

Sendo assim, mesmo com a unificação, fica a necessidade de, por exemplo, editar duas vezes um livro escrito em português, como é o caso dos livros da escritora juvenil Thalita Rebouças: para a edição portuguesa, foram feitas diversas adaptações.

Segue uma lista com algumas diferenças curiosas, a maioria de léxico (vocabulário), seguida de outras de colocação de pronomes etc.

Português do Brasil - Português de Portugal

celular - telemóvel
endereço - morada
saque - levantamento
ônibus - autocarro
controle remoto - comando
controle - controlo
trem - comboio
conosco - connosco
entender - perceber (ex.: o quê? não entendi/o quê? não percebi)
geladeira - frigorífico
legal - fixe, giro(a)
úmido - húmido
limão - lima
metrô - metro
gente boa - porreiro(a)
canudo - palhinha
planejar - planear
mouse - rato
registro - registo
violão - viola, guitarra
calça jeans - calça de ganga
escanear - escanerizar
absorvente - penso
bandeja - tabuleiro

- Colocação pronominal

Me dá - Dá-me
Te amo - Amo-te
Nos movemos - Movemo-nos
Te agradeceria - Agradecer-te-ia


- Marcadores conversacionais (acho eu, não é nenhum estudo ^^"):

Ó pá, ...
tás a ver?/tás a perceber?/percebeste?/percebes?
pois! (resposta positiva/conformada)
..., pois não? (ex.: tu não fechaste a porta, pois não?) - como se fosse o nosso "né?" :)

- Expressões:

Sempre vens ter connosco à casa da Ana?
Por que esta sala está tão escura? - Se calhar, é porque o candeeiro (luminária) avariou.
Tentei fazer deste jeito, mas não resultou (não deu certo)
Maioritariamente
Mais pequeno
Inclusivamente
Equacionar a questão (esta ouço muuito nas aulas ^^")
Questionação
Precisa de... (ex.: Isto precisa de ser feito até amanhã)
Desculpa lá 
Maneiras possíveis e imaginárias
Eu gostava de ir ao Brasil, mas é muito caro... (como o nosso 'gostaria')

- Pronúncias diferentes:

Como - 'cumo'
Tempo - 'tiempo' (o som de "i" é muito sutil)
Penso - 'pienso'
Vai - 'bai'
Porque (o da resposta) - 'purq' 
Reflexão - 'reflessão'
Quiromancia - 'quiromÂncia'
Percepção - 'perceção'

Etc. etc. se eu for continuar, não termino tão cedo... E ainda dizem que está sendo fácil pra mim por ser a mesma língua... rs... Brincadeiras à parte, é muito bom poder estabelecer estas comparações, não para valorar uma variedade ou outra positiva ou negativamente, até porque as variedades linguísticas têm, cientificamente, todas o mesmo valor. A valoração que pode incidir sobre uma ou sobre a outra é social, não linguística. Creio que esta experiência vai enriquecer muito a minha visão do mundo lusófono e das diversas culturas que ele engloba, o que pode me ajudar muito na leitura analítica ou crítica de textos (principalmente os literários) de língua portuguesa e nas futuras aulas de língua portuguesa que eu pretendo dar, da forma mais reflexiva possível.

Por falar nisso, perdoem a falta de rigor nesta minha classificação, é apenas um quadro de curiosidades :)

Tchau/Até logo!

sábado, 26 de março de 2011

"Não há frio" no Carnaval em PT

Noossa, demorei, mas voltei, hein? Só agora pude postar, com direito a fotos e tudo o mais :)
Eu nunca fui muito fã de carnaval... Quando criança, cheguei a ser levada a alguns bailinhos de fantasia com a família, ou a ser coberta de maisena no interior (Peri-mirim haha)... Na adolescência me lembro de ter ido a uma festa a fantasia, mas também numa coisa muito família... Também passei vários feriados de carnaval em retiros... Então, eu não tinha muito mais experiência de carnaval do que qualquer português ou pessoa de outro país - ou seja, conhecia o carnaval pela televisão.
Então, resolvi saber como era o carnaval aqui em Portugal. A convite da minha amiga Catarina, fui conhecer a cidade dela (Aveiro) e ela gentilmente me mostrou tudo de bom que havia lá e nas cidades próximas (junto com o namorado dela, o Tiago :D). Primeiro, conheci alguns pontos da cidade de Aveiro, como a Ria de Aveiro, que é encantadora com seus barquinhos moliceiros e suas bicicletas (bugas). O Tiago explicou que os barcos se chamam moliceiros porque esses barcos eram usados para tirar os moliços (algas) do rio. Fomos também ao Café Bombordo, que parece mesmo um barco, muito legal :) Comemos os famosos Ovos Moles, um doce de Aveiro que é muito, muito bom x) Vimos também passar um desfile de carnaval de crianças, e eu achei engraçado o fato de as músicas serem todas brasileiras ^^
Em Estarreja (cidade que pertence ao distrito de Aveiro), vimos um desfile de escolas de samba. Foi muito interessante perceber a influência da cultura brasileira no carnaval daqui, expressa em várias coisas, como nas alas das escolas (comissão de frente, baianas, bateria etc.), na presença dos cantores brasileiros puxando os carros alegóricos, mas principalmente no espírito do carnaval, daquela exaltação da alegria... Por exemplo, quando entrevistavam na TV qualquer uma das meninas que estava desfilando e, obviamente, perguntavam a respeito do frio, pois numa temperatura de uns 10º elas estavam de roupas mínimas. E elas diziam sempre "não há frio" ^^ ~
Por fim, estivemos no carnaval de rua da cidade de Ovar (também pertencente ao dist. de Aveiro), que é bem diferente do carnaval de rua brasileiro, embora haja algumas semelhanças. Havia uma estrutura de som montada na rua, com um telão em que passavam clipes, e as pessoas estavam todas fantasiadas (disfarçadas, como se diz aqui ^^). Os enfeites da rua eram muito bonitos, também muito diferentes dos do Brasil; eram luzinhas, um pouco parecidas com as de Natal. Entrei na dança, literalmente, e me diverti "imenso" ^^ (daqui a pouco, já tô falando português de PT haha), principalmente porque me senti muito segura e porque estava na companhia de pessoas muito especiais x)
Depois de imaginar, fiquem com as fotos:



(Café Bombordo)




(Tiago e Catarina no Bombordo)




(Ria de Aveiro/moliceiros)



(Praia da Barra - Aveiro)




(Estarreja)














(Ovar)



quarta-feira, 9 de março de 2011

Recorde de estudantes estrangeiros na UP


A Universidade do Porto registrou um novo recorde de estudantes estrangeiros em 2010/2011. Só nesse período, "mais de 1552 estudantes estrangeiros estudaram ou vão estudar na Universidade do Porto ao abrigo de programas internacionais de mobilidade no Ensino Superior. Junte-se-lhes os 1229 que estão a realizar cursos completos nas 14 faculdades da U.Porto e o número sobe para 2781, o que constitui um novo máximo na história da maior universidade portuguesa." (site da UP)

Realmente, há muuuitos estudantes de fora: nas quatro disciplinas que faço, estudo com pessoas da Polônia, da Romênia, da Grécia, da Alemanha e, claro, do Brasil :) é muito interessante conhecer pessoas de países que antes eram tão distantes da minha realidade. Fiquei até envergonhada por não conhecer quase nada sobre alguns desses países e o pessoal de lá saber tanto sobre o Brasil! Aliás, os portugueses sabem muito mais sobre nós do que nós sobre eles... ^^' Descobri tantas coisas novas, curiosidades também, como o fato de o meu nome não ser tão comum em Portugal quanto é no Brasil, mas existir na Polônia (!)... O mais lindinho foi uma amiga minha da Romênia me dizer que resolveu estudar português porque o sonho dela é conhecer o Rio de Janeiro *___* own...

A maioria dos estrangeiros é brasileira, claro :D e é até piada nas aulas, porque quando os professores perguntam se há algum aluno estrangeiro na turma - pra saber se devem falar mais devagar, ou em inglês/espanhol - e nós levantamos a mão, eles dizem "ah, brasileiros aqui não são estrangeiros!" :D ainda de acordo com o site da UP, "Relativamente aos estudantes de mobilidade, e num momento em que a contagem ainda não está finalizada, os números deste ano traduzem já um aumento de quase 12 % face a 2009/2010, ano em que a U.Porto recebeu 1390 estudantes ao abrigo dos mais diversos protocolos de cooperação. Trata-se de um valor que espelha o constante esforço de internacionalização desenvolvido pela Universidade e traduzido, não só no aumento do número de estudantes, mas também na posição de liderança assumida pela Universidade em vários consórcios internacionais e na subida registada nos principais rankings de universidades


Confirmando a tendência verificada nos últimos anos, o Brasil é o país que mais estudantes (681) 'exporta' para a U.Porto em 2011. Seguem-se países como Espanha (232), Itália (128), Polónia (71), República Checa (64), Turquia (47) e Alemanha (39), clientes habituais da Universidade através do programa Erasmus. Entre as 57 nacionalidades representadas encontram-se ainda países como Nicarágua, Vietname, Japão, Índia, Costa do Marfim, Estados Unidos, Togo, entre muitos outros onde a marca 'U.Porto' já é reconhecida."

Nós somos todos chamados de "Erasmus", embora nem todos nós sejamos desse programa ^^ o programa em que eu estou é um Acordo de Cooperação entre a UFMA e a U.Porto. Na Europa existe o programa Erasmus e no Brasil também há o Erasmus Mundus.

Não pude ir à Sessão de Boas-Vindas do dia 4 de março, mas fui a outras palestras muito esclarecedoras e fiquei muito feliz com a atenção que a UP nos dá... Eles nos explicam muita coisa mesmo, e sempre podemos ir ao "Gabinete Erasmus" em caso de necessidade... "A U.Porto oferece actualmente uma vasta gama de serviços de apoio aos estudantes estrangeiros, cuja qualidade é reconhecida internacionalmente. Isso mesmo ficou patente na sessão que a Universidade organizou no passado dia 4 de Março, no edifício da Reitoria, para dar as boas-vindas aos estudantes de mobilidade que ali chegam no segundo semestre. Como é habitual, o evento serviu como uma primeira apresentação da cidade e do país e marcou o início do programa de recepção e integração organizado pela ESN – Erasmus Student Network (ESN-Porto), organização composta por estudantes que já participaram em programas de intercâmbio internacionais." (idem)

Enfim, decidi postar esses dados porque acho que pode ajudar alguém! Na foto acima, somos eu e alguns brasileiros na reunião de registro na reitoria, no dia 11/02. A maioria na foto é de Minas Gerais, só dois são do Rio e eu do Maráa ;) aliás, do Maranhão só somos três meninas.

Na próxima postagem, eu devo falar sobre o carnaval ;) passei em Aveiro!

Até mais !