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segunda-feira, 7 de abril de 2014

quando a paisagem se torna invisível ou quase um ano de Portugal

Quem me conhece já deve ter cansado de me ouvir falar que eu estudo a paisagem na literatura de língua portuguesa. Num desses textos da geografia humanista cultural, li que a percepção da gente em relação aos lugares muda muito quando passamos a morar neles e, principalmente, a ganhar a vida neles.



no "comboio" nosso de cada dia ;)
Eu havia passado seis meses aqui em Portugal (fev-jul/2011) e depois vim em julho de 2012 e de 2013 (já para morar). Sendo assim, só agora é que eu passei os meses de frio intenso (outubro-abril), e só desta vez é que eu trabalhei aqui, já que da primeira vez eu tinha uma bolsa do CNPq. Pois bem, continuo achando tudo lindo, mas agora moro quase em Aveiro e não no Porto, ou seja, tenho que pegar mil e um transportes (cuja qualidade é excelente; não fosse isso, seria muito mais difícil) e não caminhar por dez minutos como antes :D; tenho que me virar para ganhar algum dinheiro porque não consigo emprego; tenho que pegar muito vento frio e chuva... O meu tempo ficou bem mais apertado e eu já não consigo passear ou admirar a cidade como antes. Só em raros momentos de contemplação de dentro do ônibus. O significado dos lugares se torna bem diferente quando a utilidade deles muda e quando a vivência do tempo é outra.

Mas calma, meu caro leitor amigo/stalker, não pense que tudo são flores do mal ;) a parte boa é que estou aprendendo muito, muito mesmo com tudo isso. Aprendendo a viver dentro de certos limites, não só financeiros, mas de disciplina de estudo, de tempo, de motivação... Não que eu não fizesse isso antes, mas estou desenvolvendo cada vez mais essas competências. Estou me conhecendo melhor, pois estar fora do nosso país e da nossa cultura nos dá uma noção muito maior de como nós somos. Me pego baixando músicas de forró, que nem ouvia tanto, só pra ouvir o som do português brasileiro, nordestino; só pra sentir aquela leveza e aquela alegria de que eu nem sonhava o valor. Continuo teimando em falar nas aulas, mesmo com as bochechas muito coradas e o coração a mil, porque há "entre nós e as palavras, o nosso dever/querer falar" e porque ainda sonho em um dia conseguir compartilhar algo do que a literatura me dá. Continuo teimando em escrever, apesar de toda a supercrítica que sempre me acompanha. E continuo teimando em trilhar pelo caminho mais difícil: o do estudo. Se este não me dá um retorno financeiro rápido, ao menos me faz enxergar que isso não é tudo.

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Meus trabalhos:


(Tirei 18 em todos *--* foi uma conquista pra mim, pois em 2011 tirei 15, 16, 16 e 17).
Na minha interpretação da escala de notas daqui, que vai de 0 a 20,
15 = bom; 16 = muito bom; 17 = muito bom mesmo;
18 = cumpriu o que devia :) 19 = excelente; 20 = excepcional

No segundo semestre, estou cursando:


Rupturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea 2

Poesia e Filosofia no século XVI
Geração de Orpheu
Estética Literária
Poética Clássica

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