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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A Saudade portuguesa


Faz um mês que cheguei de Porto, mas meu coração continua lá. Tudo à minha volta, aqui em São Luís, ainda não é "tudo à minha volta", mas sim coisas que me lembram ou me fazem estabelecer comparações entre a minha cidade natal e a cidade do Porto, ou outras cidades de Portugal que tão bem me acolheram. Mas é claro que a maioria destas impressões eu guardo para mim, para não ser enfadonha às outras pessoas. O que aqui importa registrar é quão marcante pode ser uma experiência como esta que eu tive, e o quanto o nosso modo de ver as coisas fica alterado para sempre. Meu esforço atual é não deixar esvanecer esse olhar crítico sobre tudo, e, principalmente, as competências acadêmicas, profissionais e de relacionamento interpessoal que fui desenvolvendo ao longo desse período tão intenso. Agora eu sinto, mais profundamente do que nunca, a Saudade portuguesa.

O primeiro estranhamento que sentimos ao voltar é o da língua, obviamente. No meu caso, como vim pelo Rio de Janeiro primeiro para só depois chegar a São Luís, deparei-me ainda com outro sotaque antes de chegar ao dos meus conterrâneos. Foi uma sensação muito boa, até porque - desculpem-me os maranhenses - os cariocas são muito mais simpáticos que as pessoas da minha terra. Quando ouvi o modo brincalhão dos funcionários do aeroporto ao se dirigirem a mim, logo me senti em casa: "- Já posso entrar na sala de embarque? - Pode sim, minha dama, com certeza!" rsrs... Chegando em São Luís, apesar das precárias condições do aeroporto, fiquei feliz de ouvir o "Tu rai bem ali, tá vendo? E-hein, bem ali mermo." :D E mais feliz ainda de ver minha mãe me esperando, claro, após seis meses sem vê-la... Eu já morava só, mas nunca tinha passado tanto tempo sem que estivéssemos juntas. Acho que o máximo tinha sido três meses...

O segundo estranhamento que senti foi em relação ao ritmo da faculdade. Fico triste em relatar isso, pois, apesar de tudo, tenho amor pela minha Universidade. Mas foi um verdadeiro balde de água fria na empolgação de leitura e de estudo que eu trouxe do Porto o ritmo um tanto mais lento que as aulas seguem por aqui. Sei que diversos fatores interferem nisso e que não é culpa somente dos professores, dos alunos, da coordenação ou de seja lá quem for. Mas o fato é que a exigência que eu tinha na U. Porto era uma, e a que eu tenho aqui baixou consideravelmente. Espero ter disciplina para conseguir manter o ritmo que tinha lá.

Acho que não vale a pena falar de outras situações mais específicas. O que valeria dizer é que voltei à minha rotina, embora tenha ficado um período atrás em relação à minha turma (lá no Porto fiz 4 cadeiras, sendo que uma delas já tinha cursado aqui; logo, só pude aproveitar 3 cadeiras de um período composto por 8. Assim, estou cursando agora 5 cadeiras do 7º período, e ainda me faltam dois para eu me formar). Foi muito bom rever meus professores e colegas mais queridos, e voltar ao ambiente que, com todos os seus problemas, foi o que me formou e ainda está me formando. Fiquei muito feliz também de saber que várias pessoas do meu curso estão indo para a Universidade de Coimbra, fazer 2 anos de graduação-sanduíche. Eles estão indo com bolsa. Fico feliz por ter, de certa forma, aberto caminho para essa experiência que, com certeza, vale a pena, especialmente para os maranhenses, que tantas raízes ainda têm de Portugal.

Já não sei que destino dar ao blog, agora que o período de estudos foi encerrado. Deixo, então, um espaço aberto para que vocês leitores (sempre tão silenciosos! rsrs) deem suas sugestões de temas para as próximas postagens, ou deixem perguntas que gostariam de fazer sobre outros detalhes não mencionados aqui. Vocês é que mandam agora! Obrigada a todos que leram e comentaram, mesmo que nem sempre por este meio. Até mais!