BG

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Inscrições em Unidades Curriculares - minhas opções - Mestrado

Como tenho recebido alguns pedidos de ajuda em relação às inscrições em Unidades Curriculares (o mesmo que Seminários, "disciplinas" ou "cadeiras", como eu as chamo). A inscrição, já de si, é um pouco confusa. Tem de ser feita online, pelo Sigarra (o sistema da FLUP). No meu ramo - Estudos Românicos e Clássicos, variante de Literaturas de Língua Portuguesa - temos que escolher 10 cadeiras para o 1.º ano, a serem distribuídas pelos dois semestres como o estudante preferir (?). Eu escolhi 5 em cada, sendo que no mínimo 3 delas tinham de ser do meu ramo e 2, de outros ramos. Alguns funcionários chamam as do ramo de "obrigatórias" e as outras de "optativas". Meu plano de estudos (após algumas alterações no início de cada semestre, que são possíveis, por norma, até a segunda semana de aulas), ficou assim:

1.º Semestre:

Poéticas Finisseculares - séc. XIX e XX - I (Variante de Lit. Port.)
Ruturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea - I (Variante de Lit. Port.)
Novíssimos: Poesia e Poéticas (Variante de Lit. Port.)
Literatura  Comparada: Questões e Perspectivas (Ramo de Estudos Comparatistas)
Tradução e Cultura (Ramo de Estudos Comparatistas)

2.º Semestre:

Geração de Orpheu (Variante de Lit. Port.)
Poesia e Filosofia no século XVI (Variante de Lit. Port.)
Ruturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea - II
(Variante de Lit. Port.)
Poética Clássica (Variante de Lit. Clássicas)
Estética Literária (Variante de Estética Literária)

A inscrição se torna complicada porque as pessoas com quem falamos normalmente falam de ramo e variante como sinônimos. Acabam por ser a mesma coisa na prática, realmente; mas o fato é que, no ramo que escolhi, a maior parte das cadeiras escolhidas tem de ser desse ramo (Estudos Românicos e Clássicos) que engloba seis variantes. O outro ramo é Estudos Comparatistas e Relações Interculturais e não possui variantes.

Os links nos nomes das disciplinas dão acesso aos trabalhos que fiz em cada uma delas. Tirei 18 em todos eles; a nota vai de 0 a 20. Normalmente, só é pedido um trabalho por disciplina, mas há professores que pedem outros trabalhos menores para complementar a nota ou consideram também a participação/apresentação oral em sala.

Também postei as minhas opções na época da mobilidade aqui.
Gostei muito de todos os seminários e agora estou na fase de escrita orientada da dissertação.

Desejem-me sorte ;-)


sábado, 20 de setembro de 2014

Novo Regime do Estudante Internacional

Em março de 2014, houve uma alteração no regulamento da entrada de estudantes estrangeiros em Portugal. Antes, podíamos fazer qualquer curso universitário pelo mesmo valor que pagam os estudantes portugueses - sim, aqui a universidade é paga, mesmo que seja pública (média de 1000€/ano) - e fazíamos exatamente o mesmo processo seletivo que eles - avaliação curricular e entrevista - durante o mesmo prazo.



Agora o estudante estrangeiro deverá pagar mais pelo mesmo curso, como já acontece em outros países, como nos Estados Unidos. A lógica deles é que como nós "não pagamos impostos" (apesar de pagá-los em tudo o que consumimos e até em documentos que temos de tirar), não podemos usufruir do financiamento público à educação. Passo a citar o texto do Decreto-Lei n.º 36/2014:

As instituições de ensino portuguesas têm vindo a atrair um número crescente de estudantes estrangeiros, quer em programas de mobilidade e intercâmbio quer através do regime geral de acesso. 

A captação de estudantes estrangeiros permite aumentar a utilização da capacidade instalada nas instituições, potenciar novas receitas próprias, que poderão ser aplicadas no reforço da qualidade e na diversificação do ensino ministrado, e tem um impacto positivo na economia.

Importa, pois, criar os meios legais adequados para que se possa reforçar a capacidade de captação de estudantes estrangeiros, através de um concurso especial de acesso e ingresso nos ciclos de estudo de licenciatura e integrados de mestrado ministrados em instituições de ensino superior públicas e privadas portuguesas, gerido diretamente por estas. (...)

Os estudantes admitidos através deste novo regime não serão considerados no âmbito do financiamento público das instituições de ensino superior. Em contrapartida, e de acordo com o previsto na lei do financiamento do ensino superior, as instituições públicas poderão fixar propinas diferenciadas, tendo em consideração o custo real da formação.

Para os estudantes internacionais oriundos dos países africanos de expressão oficial portuguesa será criado um programa especial de bolsas de estudo.

Na FLUP, o valor estava à volta dos 4000€. Não consigo acessar agora a página das candidaturas no site, mas vi que houve uma alteração de última hora: decidiram deixar o mestrado e o doutorado fora desse aumento por mais um ano, devido à proximidade da mudança com o período de candidaturas. Mas a licenciatura já foi incluída. Na U. Porto o Conselho-Geral deliberou que estudantes provenientes de países membros da CPLP terão 50% de desconto. Em Coimbra, o valor foi definido em 7.000€ (confira aqui) e eu não sei informar se há algum tipo de desconto, pois cada universidade tem autonomia para decidir como irá aplicar o Decreto-Lei.

Atenção: essa lei não se aplica sobre o estudante de Mobilidade/Intercâmbio (o chamado "Erasmus").  Nesse caso, somos isentos do pagamento de propinas, como eu também fui em 2011. Também não se aplica aos estudantes aceitos em anos anteriores (como eu, em 2013).

Essa alteração dividiu opiniões. Embora esse estatuto diferenciado seja prática corrente em outros países, acho que não é justo. Eles falam em "custo real da formação" e em impostos, mas nós temos custos dobrados em relação aos estudantes nacionais e também contribuímos. Além de pagarmos as propinas, temos todos os nossos gastos do dia-a-dia (aluguel, conta de luz, água etc., bens de consumo etc.) que revertem em contribuição para eles. Isso para não falar nas viagens que geralmente um estudante estrangeiro faz, fomentando o turismo, nem das deslocações para ver a família (com passagem comprada em Portugal, muitas vezes). Temos número de identificação fiscal como qualquer cidadão português. Não vejo como um aluno só pode custar tanto a uma universidade, sendo que no Brasil tanto eu quanto meus colegas estrangeiros não pagávamos um centavo diretamente à faculdade.

Além disso, muitos portugueses têm deixado de frequentar o ensino superior justamente pelo elevado custo que recai sobre o estudante. Isso faz com que nós, estrangeiros, representemos uma grande parcela do alunado dos cursos. Muitas vezes aconteceu, durante as aulas, estarem presentes mais estrangeiros do que nacionais.

Talvez essa mudança afaste os estudantes estrangeiros; talvez não. Eu não sairia do Brasil para pagar tanto por uma formação no exterior. Na minha área, não me compensaria; tanto pela perspectiva de remuneração quanto pela qualidade de ensino que, no Brasil, é equivalente (principalmente na pós-graduação). Pode ser que estudantes de outras áreas considerem que vale o investimento. O que eu acho é que, se for para enriquecer o currículo, é suficiente a experiência de Mobilidade, que fica bem mais em conta.

Fica aqui apenas o registro para que ninguém seja pego desprevenido ;-)

sábado, 13 de setembro de 2014

Dirigir em Portugal



Se você quer dirigir em Portugal, o primeiro ponto em que precisa pensar é:

- Tempo de permanência no país / Tipo de estadia

* Até 90 dias / Turismo: pode dirigir com a CNH brasileira (válida)
* Até 1 ano / Turismo (não fixa residência): pode dirigir com a PID (Permissão Internacional para Dirigir)
* Até 185 dias / Residente: é o tempo que você tem, sendo residente, desde a entrada no país, para solicitar a Troca pela Carta de Condução Portuguesa.

CNH brasileira (permissão)
Pode dirigir com a Permissão (CNH provisória, de 1 ano de validade)? Não sei. Nunca consegui obter uma resposta exata para esta pergunta, porque aqui em Portugal já se recebe logo a carta definitiva (apesar de ficar três anos sem poder cometer infrações graves). O que me informaram pelo telefone do Detran-SP e no IMT-Porto foi que como é uma habilitação válida eu poderia, sim, dirigir, dentro daquele prazo dos 185 dias (já que eu sou residente). Foi o que eu fiz, mas nunca fui mandada parar, então não posso garantir o que o guarda diria.


Sobre a PID: eu não a tirei, pois fixei residência em Portugal. Contudo, sei que se tira no Detran do seu estado, antes de viajar. A validade da PID é a mesma da CNH. Só é vantagem em países que não aceitam a CNH mesmo no período de turismo. Para Portugal, não vejo como você passar mais de 90 dias sem ser residente, seja por visto de estudo ou trabalho. Mesmo que você só more por 6 meses ou 1 ano, já tem o seu cartão de residente.

Sendo assim, eu tive que pedir a Troca da CNH pela Carta de Condução portuguesa, o que não foi nada fácil (não tem sido, já que eu ainda não a recebi; só tenho uma Guia de Condução, válida até 03/2015). É preciso fazer o seguinte:

Ir ao Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT, antigo IMTT) da sua área de residência (não pode ser qualquer um), munido dos seguintes documentos:

- CNH válida e definitiva + fotocópia dela (sim, você vai ter que entregá-la e só pode tê-la de volta no Brasil, caso volte a residir lá, fazendo o processo inverso);

- Uma foto de passe (3x4), colorida, com fundo liso;

- Fotocópia do documento de identificação pessoal e exibição do original;

- Atestado médico, somente neste modelo aqui, com vinheta (um selo que o médico cola). Tive que pagar 40€ por uma consulta particular, já que no posto de saúde só para marcar já estava difícil.

- Declaração de autenticidade da CNH, emitida pelo Consulado (no site do IMT diz que essa declaração pode ser emitida pelo Serviço Emissor [Detran], mas eu trouxe o meu prontuário do Detran-MA e este não foi aceito, nem que eu o autenticasse no Consulado). Como eu moro em Aveiro, tive que ir ao Porto (consulado mais próximo; só há no Porto e em Lisboa) só pra isso. Custou 15€ (o documento) e levou 1 semana para ficar pronto.

- Formulário Modelo 1 IMT;

- Taxa de 30€ (eu fiz por meio de uma Agência Automobilística e paguei 45€, porque fica mais perto da minha casa do que o IMT, mas é possível ir diretamente lá). O IMT de Aveiro fica em Esgueira.

No site do IMT também diz ser possível dar entrada no processo em Lojas do Cidadão.

É isso, agora dirijo com um papel no porta-luvas até que a Carta chegue pelo correio. Quando chegar, atualizo o post pra dizer quanto tempo levou. 


Quanto às regras, são basicamente as mesmas, já que Brasil e Portugal seguem a Convenção de Viena. A sinalização é um pouco diferente porque segue um padrão europeu, como nos casos abaixo, mas nada que confunda muito:

Estacionamento (para pessoas com deficiência)

Em suma, não tenho problemas para dirigir aqui =) e olha que sou uma medrosa ;-) e recém-habilitada. No início estranhava um pouco a lógica das estradas, porque em São Luís é tudo mais reto e plano, mas com o tempo me acostumei.

Detalhe importante: eu só dirijo agora que não moro mais no Porto, porque morando em grandes cidades você não precisa mesmo de carro. O transporte público é muito bom e barato. Posso até fazer outra postagem sobre isso.

Qualquer dúvida, é só deixar um comentário. Boa sorte!

sábado, 14 de junho de 2014

Alimentação no Porto

Como tenho recebido muitas perguntas de pessoas que vão fazer mobilidade no Porto, principalmente com relação a questões do dia a dia, resolvi fazer esta postagem com informações sobre valores, marcas, supermercados, tudo o que envolva a alimentação durante o período da mobilidade em Portugal. Não sou a pessoa mais indicada para falar de restaurantes, mas darei uma dica de onde comer francesinha ;)

1 - Compre produtos de marca branca

Se no Brasil isso é quase certeza de comprar um produto de má qualidade, aqui em Portugal você pode confiar na marca do supermercado; principalmente se for do Pingo Doce, do Continente (ou Marca É, que também é do Continente) ou da marca Dia (do Minipreço). São muito baratos mesmo: os chamados "bens essenciais" custam menos de 1€ cada. Todos estes da foto, mesmo não sendo todos "essenciais", custam menos de 1€ (tirando a comida congelada). Dá pra ver também que o leite tem a palavra "gordo" kkk é o que nós chamamos de leite integral (demorei 5s pra lembrar :X). O semi-desnatado é "meio-gordo" e o desnatado é "magro". O feijão já vem cozido, na lata ou na compota (tem feijão preto). O Pingo Doce tem uma imitação muito boa da Nutella =)

Fonte: camisportugal.blogspot.com
2 - Faça sua própria comida em vez de almoçar fora

Como a cidade é pequena e os transportes são rápidos, provavelmente vai dar tempo de você fazer as suas refeições em casa, e nem preciso falar que sai muito mais barato, já que na cantina da faculdade você paga 2,40€ (tem que comprar senha todo dia; não dá pra carregar o cartão) e nos restaurantes um almoço (de verdade, com arroz, carne e salada, no mínimo) fica à volta dos 5€. Além disso, se você morar com portugueses, como eu morei, vai ver que eles adoram cozinhar (homens e mulheres) =) e adoram fazer "jantaradas" em casa. Ah, e aqui todo mundo anda com marmita na rua, não é vergonha nenhuma kkk. Todo mundo leva uma bolsinha térmica e aquece a comida no trabalho ou na faculdade. Lá na FLUP há pelo menos dois micro-ondas (até onde eu sei :D) e a fila não é tão grande assim, podendo ser até nenhuma, dependendo do horário.

Bolsa térmica para marmita

3 - Coma às vezes na cantina da faculdade

Quando não dá tempo de preparar a comida, a melhor saída é comer no restaurante universitário. Nem todas as faculdades têm cantina, mas todas têm pelo menos uma que fique próxima, em outra faculdade. A FLUP tem cantina, e nunca fica muito cheia. No período das 12h às 12h30min é mais crítico pra comprar senhas, claro, mas nada comparado à fila do RU com que eu estava acostumada :D

Por 2,40€, você tem direito a:


1 pão (que eu nunca pego ;D porque acho que enche muito);
1 sobremesa (que pode ser doce, fruta ou iogurte. Os doces têm pouco açúcar, esse mousse de chocolate da foto é o mais doce);
1 sopa (é costume beber sopa antes da refeição);
1 prato principal (sempre muito saudável, nem sempre muito saboroso :P esse da foto eram "rojões")
1 copo de água ou de suco (eles dizem "sumo") - mas é refresco industrializado.

Opções de prato principal: Dieta, Vegetariano, Carne ou Peixe.

Então, vale a pena comer na FLUP =) só tem que dar sorte com o cardápio ("ementa"). Eu gosto muito da lasanha vegetariana, do bacalhau com natas e do red fish :) e o chef é muito simpático.

4 - Prove a gastronomia portuguesa

Não sou especialista neste assunto, mas vou falar dos pratos que já provei  =) go go definições da wikipédia:

- Francesinha (é um prato típico e originário da cidade do Porto, em PortugalA francesinha é constituída por linguiça, salsicha fresca, fiambre, carnes frias e bife de carne de vaca ou, em alternativa, lombo de porco assado e fatiado, coberta com queijo (posteriormente derretido). É normalmente guarnecida com um molho à base de tomate, cerveja piri-piri. Os acompanhamentos de ovos estrelados (no topo da sanduíche) e batatas fritas são facultativos.) Já deu pra ver que é uma bomba calórica, né XD mas é muito boa. Encontra-se em diversos cafés, principalmente na Ribeira, mas o melhor lugar que eu conheço é o Restaurante Capa Negra, perto da FLUP (também há outro no Porto). No restaurante é mais caro; já não me lembro exatamente quanto, mas no geral custa uns 7€.


- Carne à Alentejana (ou carne de porco com amêijoas é um prato típico da culinária de Portugal, mais concretamente da região do Alentejo. O primeiro nome é o mais comum por todo o Portugal, constituindo o segundo a designação usada no próprio Alentejo de origem. É preparado com amêijoas, carne de porco, colorau, louro, vinho e alho, entre outros temperos possíveis. A carne é frita e servida misturada com as amêijoas já cozidas. O prato final pode ainda ser polvilhado com coentros, acompanhado por batatas fritas cortadas em cubos e por limão.) 


- Bacalhau com natas (Bacalhau desfiado ou lascado envolvido num refogado de cebola juntamente com batatas fritas, molho bechamel e natas, que vai ao forno a alourar.) Natas = creme de leite; molho bechamel = molho branco. De-lí-cia :) o Bacalhau à Brás também é muito bom.


- Rojões (No Norte de Portugal, chamam-se rojões a nacos de carne de porco da parte da  ou da barriga, fritos em banha num tacho, de preferência de ferro. O prato mais conhecido é rojões à moda do Minho.) - mas este à moda do Minho eu nunca provei. É uma comida muito gordurosa, mas ótima num almoço de domingo =)


- Sobremesa/doce: Ovos moles = minha perdição :D (Trata-se de um doce regional, tradicional da pastelaria aveirense, cuja fórmula e método de produção original se deve às freiras dos vários conventos aqui existentes até ao século XIX - dominicanasfranciscanas a carmelitas. As religiosas utilizavam a clara de ovo para engomar os hábitos, enquanto que as gemas, para que não fossem desperdiçadas, se constituíram na base para a feitura do doce. Extintos os conventos, o fabrico dos ovos moles manteve-se, graças a senhoras educadas pelas referidas freiras.) O pão-de-ló de Ovar, também feito com ovos moles, é outra delícia também. 




Como vocês veem, eu já engordei 10kg kkkk a culinária portuguesa é muito baseada na carne de porco e no peixe, e a maior parte dos doces leva muito ovo. Usa-se muito a massa folhada pra fazer doces. 

Termino esse post com água na boca :D e com a esperança de ter dado alguma informação útil. Qualquer dúvida, deixem um comentário! Até mais :*

segunda-feira, 7 de abril de 2014

quando a paisagem se torna invisível ou quase um ano de Portugal

Quem me conhece já deve ter cansado de me ouvir falar que eu estudo a paisagem na literatura de língua portuguesa. Num desses textos da geografia humanista cultural, li que a percepção da gente em relação aos lugares muda muito quando passamos a morar neles e, principalmente, a ganhar a vida neles.



no "comboio" nosso de cada dia ;)
Eu havia passado seis meses aqui em Portugal (fev-jul/2011) e depois vim em julho de 2012 e de 2013 (já para morar). Sendo assim, só agora é que eu passei os meses de frio intenso (outubro-abril), e só desta vez é que eu trabalhei aqui, já que da primeira vez eu tinha uma bolsa do CNPq. Pois bem, continuo achando tudo lindo, mas agora moro quase em Aveiro e não no Porto, ou seja, tenho que pegar mil e um transportes (cuja qualidade é excelente; não fosse isso, seria muito mais difícil) e não caminhar por dez minutos como antes :D; tenho que me virar para ganhar algum dinheiro porque não consigo emprego; tenho que pegar muito vento frio e chuva... O meu tempo ficou bem mais apertado e eu já não consigo passear ou admirar a cidade como antes. Só em raros momentos de contemplação de dentro do ônibus. O significado dos lugares se torna bem diferente quando a utilidade deles muda e quando a vivência do tempo é outra.

Mas calma, meu caro leitor amigo/stalker, não pense que tudo são flores do mal ;) a parte boa é que estou aprendendo muito, muito mesmo com tudo isso. Aprendendo a viver dentro de certos limites, não só financeiros, mas de disciplina de estudo, de tempo, de motivação... Não que eu não fizesse isso antes, mas estou desenvolvendo cada vez mais essas competências. Estou me conhecendo melhor, pois estar fora do nosso país e da nossa cultura nos dá uma noção muito maior de como nós somos. Me pego baixando músicas de forró, que nem ouvia tanto, só pra ouvir o som do português brasileiro, nordestino; só pra sentir aquela leveza e aquela alegria de que eu nem sonhava o valor. Continuo teimando em falar nas aulas, mesmo com as bochechas muito coradas e o coração a mil, porque há "entre nós e as palavras, o nosso dever/querer falar" e porque ainda sonho em um dia conseguir compartilhar algo do que a literatura me dá. Continuo teimando em escrever, apesar de toda a supercrítica que sempre me acompanha. E continuo teimando em trilhar pelo caminho mais difícil: o do estudo. Se este não me dá um retorno financeiro rápido, ao menos me faz enxergar que isso não é tudo.

---------------------------------------- ♥ -------------------------------------------

Meus trabalhos:


(Tirei 18 em todos *--* foi uma conquista pra mim, pois em 2011 tirei 15, 16, 16 e 17).
Na minha interpretação da escala de notas daqui, que vai de 0 a 20,
15 = bom; 16 = muito bom; 17 = muito bom mesmo;
18 = cumpriu o que devia :) 19 = excelente; 20 = excepcional

No segundo semestre, estou cursando:


Rupturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea 2

Poesia e Filosofia no século XVI
Geração de Orpheu
Estética Literária
Poética Clássica

#wishmeluck

sábado, 23 de novembro de 2013

Volta a Portugal - Mestrado

Mais de um ano depois, eis-nos aqui outra vez. Os bons desejos de vocês, muitas vezes manifestos nos comentários, concretizaram-se: estou de volta a Portugal, fazendo o Mestrado (que queria) em Estudos Literários, Culturais e Interartes na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

FLUP











Vim para cá em julho, quando fiz a seleção, e as aulas começaram em setembro. A seleção consistiu em uma análise de currículo, em que pesava o histórico da licenciatura e a atuação acadêmica (publicação de artigos, participação em eventos etc.). Houve ainda uma entrevista (não se trata de uma arguição de projeto), na qual duas professoras me fizeram perguntas sobre o meu percurso até então, a minha motivação para o curso, os temas que pretendia estudar. Vale ressaltar que para mim ainda não estava (nem está) claro em que vai consistir a minha dissertação, mas isso aqui não é empecilho para a entrada no curso. Fiquei colocada em 5.º lugar, juntamente com muitos brasileiros, portugueses e até um sul-coreano!

Há dois ramos no curso: o de Estudos Comparatistas e Relações Interculturais e o de Estudos Românicos e Clássicos, tendo este último seis variantes, das quais escolhi a de Literatura Portuguesa, Literaturas de Língua Portuguesa (Língua Portuguesa e Educação). Isso não nos impede de escolhermos cadeiras de outro ramo ou de outras variantes, mas a maior parte das cadeiras escolhidas tem de ser do ramo pré-definido. Desta forma, escolhi só duas cadeiras do ramo de E. Comparatistas, que são Literatura Comparada: Questões e Perspectivas e  Tradução e Cultura. Mesmo que eu não venha a desenvolver o meu trabalho final neste âmbito, tem sido muito útil para mim o estudo destas disciplinas no que tange ao alargamento da minha visão das relações literárias e culturais entre os países e do processo de construção das histórias da literatura (nacionais/internacionais).

- As restantes cadeiras, a quem interesse saber, são, no 1.º semestre: Rupturas e Continuidades na Poesia Portuguesa Contemporânea-1 , Novíssimos: Poesia e Poéticas e Poéticas Finisseculares - séc. XIX e XX-1, formando um total de cinco unidades curriculares. No próximo semestre, curso mais cinco e, no próximo ano letivo (que começa em setembro/2014), devo iniciar a escrita da dissertação (que deverá durar um ano).

Escolhi estas unidades curriculares para tentar construir uma visão mais bem fundamentada do modernismo e da literatura contemporânea, estudando desde os seus precursores (de fins do séc. XIX) até a produção poética mais recente ("novíssimos" - pelos anos 2000). Tudo tem se articulado bem e eu acho que tenho conseguido estabelecer relações significativas entre as matérias. Já pensei em tratar da poesia brasileira contemporânea na minha dissertação, mas ainda não defini o aspecto a ser estudado. Talvez o hibridismo de gêneros artísticos.

Biblioteca da FLUP

As diferenças entre o ensino (não só universitário) português e o brasileiro mereceriam uma postagem à parte, mas, para já, vou ser breve: o mestrado, em ambos os países, é já de si uma certa ruptura com o ambiente da graduação, que seria, digamos, mais permissivo, onde teríamos mais espaço para errar. No mestrado, temos que evitar afirmações despropositadas ou não-fundamentadas. Aqui em Portugal, então, sinto isso com mais intensidade, pelo fato de a relação professor-aluno ser, em geral, diferente daquilo com que estamos acostumados no Brasil. 

Nas escolas brasileiras, desde a educação básica, a figura do professor aproxima-se da de um amigo (o que, às vezes, tem consequências ruins, claro); quer dizer, por mais que haja uma hierarquia de saberes, o professor tenta não constranger tanto o aluno pelo fato de ele ainda não saber determinada coisa. Aqui, por outro lado, em meio às minhas aulas na universidade e em uma Escola Primária que tive ocasião de visitar, percebo uma relação um pouco diferente, em que o distanciamento é maior e a diferença de saberes é bastante enfatizada. Mas isto é assunto para um próximo texto.

Biblioteca da FLUP
Espero que este relato ajude quem pensa em vir para cá estudar. Se tiverem perguntas, não hesitem em fazê-las, seja por comentários, seja por email.

Até a próxima! :)


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Músicas da minha mobilidade


Olá, pessoal, tudo bem? Já estou de volta a São Luís, à vida cotidiana. Estou feliz por voltar à minha cidade, à minha família e aos meus amigos. Mas agora sou uma pessoa totalmente dividida ;)

Por isso, hoje quero compartilhar com vocês as quatro músicas mais tocadas durante o meu período de mobilidade (em 2011). Muitas delas continuam tocando (ainda bem!) e muitas eram as mesmas do Brasil - resultado da globalização. A rádio que eu mais ouvia em Portugal era a Antena 3, em que tocavam também músicas brasileiras (de boa qualidade), como Tulipa Ruiz e Chico Buarque. A propósito, foi por meio da Antena 3 que eu (brasileira) descobri a Tulipa (!), quando tocou esta música, que me fez procurar mais na net:



Esse CD da Tulipa é o "Efêmera". Ela já lançou outro, o "Tudo Tanto", disponível pra download no site dela.

Outra música que fazia os meus dias mais alegres era "Two Points", da banda portuguesa Norton (sim, eles cantam em inglês):


 

Eles agora também lançaram um clipe super lindo, que tem tudo que eu adoro: paisagens lindas e bicicletas :)   é este aqui:


A terceira música que mais ouvi em Portugal durante a mobilidade foi o que eles chamam de Música Pimba. O rei do Pimba é o Quim Barreiros, mas esta música é do grupo Chave D'Ouro - "O Pai da Criança (Quem será?)". Como estive em PT na época do carnaval, foi uma festa só, fizeram um monte de remixes :) Ainda toca muito:


Por fim, a quarta música que mais (me) tocou durante a mobilidade foi "Vá lá, senhora", da banda portuguesa Os Golpes (estes cantam em português) com Rui Pregal da Cunha. Adoro as batidas desta música! Continua tocando muito também.




Espero que tenham gostado, digam-me quais vocês curtiram mais!
Beijinhos :*